Sublime Graça - Por John Newton

23/07/2011 23:17

John Newton foi um aspirante da marinha inglesa que após converter-se ao cristianismo abandonou a vida do mar para dedicar-se ao pastorado. Neste período interagiu com George Whitefield e John Wesley, compondo também hinos, sendo que um deles se tornaria um clássico: “Sublime Graça”.

John Newton nasceu em Londres no dia 24 de julho de 1725, de uma piedosa e tímida mãe e um pai autoritário. Para o alívio do garoto, seu pai, um capitão de navio, passava somente algumas semanas em casa entre longas viagens por anos.

 Quando John estava com sete anos, sua mãe morreu de tuberculose, e o capitão, homem prático que era, casou-se antes de sua próxima viagem; no entanto para John, a perda de sua mãe foi devastadora. Ele se tornou teimoso, desrespeitoso e difícil. E logo foi enviado para uma escola de náutica.

 Lá ele foi confrontado com um diretor que utilizava uma chibata e uma vara de ferro. A experiência “quase quebrou meu espírito”, mais tarde ele confessou em uma carta. Porém mais tormento ainda estava reservado.

 Com a idade de 11 anos, John foi posto ao mar como um aprendiz de marinheiro no navio de seu pai. Durante esse período ele se afastou mais e mais dos ensinos religiosos de sua mãe.

 Na sua adolescência, ele foi um marinheiro experiente, mas o seu pai o iniciou para um mercado em Alicante, Espanha. Aos 15 anos de idade desobedeceu a ordens, lutou com alguém que o importunou, e foi enviado de volta por causa de sua conduta alterada, como ele mais tarde confessou: “Eu creio por alguns anos eu nunca ficava uma hora em qualquer companhia sem tentar corrompê-los”.

 Mais tarde ele foi encaminhado à marinha britânica. Em 1745, o aspirante da marinha Newton velejou rumo às Índias Orientais no H. M. S. Harwich. A jornada era para um período de cinco anos, mas uma tempestade caiu e o Harwich teve que ancorar em Plymouth, Inglaterra. Newton ficou encarregado de ir em direção à costa com instruções para se certificar de que ninguém da tripulação desertasse. Relutante, o próprio John escapou. Com medo de pedir instruções para Chatham, ele andou por dois dias antes que ele fosse preso por uma patrulha militar e retornou ao Harwich.

 Lá ele foi posto em cadeias, despido e açoitado como um desertor. Depois foi transferido para um navio que rumava mais abaixo no mundo marítimo onde o navio estava engajado no comércio de escravos. “Desde então eu fui excessivamente mau”, mais tarde ele confessou. As mulheres escravas a bordo estavam à disposição da tripulação. John Newton, sem ter completado 20 anos e agora um militante ateu, entregou-se aos seus apetites sexuais tão vorazmente quanto ele desejava.

 O pai de Newton querendo saber do bem-estar do seu filho, providenciou um navio de propriedade de um amigo em Liverpool para solicitar a todos os capitães de seus navios de escravos, que trabalhavam junto à costa africana, para procurarem por John a fim de levá-lo para casa. Em fevereiro de 1747 o navio Greyhound, chegou a um porto em Serra Leoa, e Newton – através de uma série de intervenções divinas, como ele diria mais tarde – foi encontrado.

 O Greyhound estava em um longo cruzeiro de comércio, retornando para a Inglaterra por meio do Brasil. Procurando algo para fazer, Newton começou a ler “A Imitação de Cristo”, por Thomas Kempis, um estudo clássico de vida espiritual que incluía advertências dos juízos de Deus. Perturbado pela mensagem do livro, deixou-o de lado. O dia 9 de março de 1748, foi o ponto de retorno da vida de Newton.

No escuro, nas primeiras horas da manhã do dia seguinte, o Greyhound foi atingido por um mar tão forte que parte de seu lado foi despedaçado por dentro. “O bombeamento é inútil! Nada pode salvar este navio, nem nós!” Exclamou um marinheiro veterano. Porém Newton e outros bombearam desde as 5 da manhã até à tarde. “Se isto não funcionar, que o Senhor tenha misericórdia de nós!”, Newton clamou atemorizado pelas suas próprias palavras.

 O Greyhound sobreviveu, e quando finalmente chegou a Liverpool ele conduziu um Newton diferente do “blasfemador” que havia sido tirado da costa africana. Como ele mais tarde explicou: “Eu comecei a saber que existe um Deus que ouve e responde a oração... embora eu não consiga entender a razão do por que o Senhor me escolheu por misericórdia”. (Pelo resto da vida de Newton, ele orou e jejuou em cada aniversário daquela funesta manhã de março).

 Ele nunca esqueceu o mar. Mais tarde em vida, quando ele era um pastor de St. Mary, Woolnoth, em Londres, Newton entrou no púlpito no uniforme de marinheiro, com uma bíblia em uma mão e um hinário na outra. Sua mente estava falhando então, e ele às vezes tinha que ser lembrado sobre o que ele estava pregando. Quando alguém sugeriu que ele se retirasse, ele replicou: “Como? Deverá o velho blasfemador africano parar enquanto ele pode falar?” em outra ocasião, ele disse: “Minha memória está sumindo, mas eu me lembro de duas coisas: que eu sou um grande pecador, e que Cristo é um grande Salvador”.

 O hino “Sublime Graça” é o próprio testemunho de Newton de sua conversão e de sua vida como um cristão. Dizem que ele pode ter começado o hino com a primeira estrofe de um outro de seus poemas.

 

Sublime graça

 

Sublime graça! Quão doce o som,

Que salvou um pobre como eu,

Eu uma vez estive perdido, mas agora fui encontrado

Estava cego, mas agora vejo,

 

Foi a garça que ensinou o meu coração a temer,

E a graça aliviou os meus medos;

Quão preciosa aquela graça apareceu

Na hora em que eu acreditei!

 

Por muitos perigos, dificuldades e armadilhas

Eu passei até aqui;

Esta graça que me trouxe em segurança de tão longe

E esta graça me conduzirá para casa.

 

Quando estivermos lá há dez mil anos

Claros e brilhantes como o sol,

Não teremos menos dias para cantar louvores a Deus

Que nos dias quando começamos

 

Nota: John P. Rees é atribuído como o autor da última estrofe. 

Fonte: Eagle’s View, nº. 7, Agosto de 1994

John Newton's grave is in the back corner of the Olney Church yard.  

Sepultura de John Newton, no quintal dos fundos da igreja em Olney.

 

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